Um Caso Desafiante de Leptospirose
Conteúdo do artigo principal
Resumo
A Leptospirose é uma importante zoonose causada pela bactéria patogénica leptospira que é transmitida directa ou indirectamente dos animais para humanos. É uma doença potencialmente grave mas tratável. Os seus sintomas podem mimetizar os sintomas doutras tal como rickettsiose, influenza, meningite ou hepatite. O espectro da doença é variado desde infeção subclinica até sindrome grave da infeção multiorgânica com elevada mortalidade. O diagnóstico é geralmente realizado por serologia. A limitação da serologia é que os anticorpos estão ausentes na fase aguda da doença. Nos primeiros dias de doença, o único teste sensivel e especifico é a polymerase chain reaction (PCR). Em Portugal, a Leptospirose tem uma importância crescente sendo uma doença de declaração obrigatória. Os autores apresentam o caso dum agricultor com febre, cefaleia e rash. Evoluiu com pancitopenia e citocolestase hepática. A PCR tempo real positiva foi obtida na amostra de sangue que demonstrou ser especifica para Leptospira e confirmou o diagnóstico na fase aguda da doença previamente aos titulos de anticorpos serem detectáveis. As serologias de Leptospirose foram negativas. Após antibioterapia e tratamento de suporte teve evolução favorável. O diagnóstico precoce preveniu complicações. Os autores apresentam um caso desafiante de Leptospirose e pretendem alertar para o diagnóstico precoce e tratamento adequado. A exposição ocupacional é um factor risco significativo. Os programas de alerta são essenciais para reduzir o risco. A necessidade de rápido diagnóstico na admissão determinou o desenvolvimento de ensaios de várias PCR o que tem efeitos económicos. A sua vantagem é a capacidade de obter o diagnóstico definitivo na fase aguda da doença previamente à deteção de anticorpos e poderá ser utilizada para melhorar medidas de controlo de saúde pública mas os testes moleculares ainda não estão disponiveis em algumas áreas.
Detalhes do artigo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Referências
Belem F, Grilo J, Coutinho J, Filipe R, Rocha E. Um caso desafiante de Leptospirose. Case Rep Soc Port Med Interna. 2023 Apr-Jun;1(2).
Loscalzo J, Kasper DL, Jameson JL, Fauci AS, Longo DL, Hauser SL, editors. Leptospirosis. In: Harrison’s Principles of Internal Medicine. 21st ed. New York: McGraw-Hill Professional; 2022. p. 5334-52.
Moura S, Rio C, Gomes S, Santos Silva A. Distribuição temporal e geográfica da leptospirose humana diagnosticada em indivíduos residentes no norte de Portugal, 2014-2019. Repositório Científico do Instituto Nacional de Saúde.
Russell CD, Jones ME, O'Shea DT, Simpson KJ, Mitchell A, Laurenson IF. Challenges in the diagnosis of leptospirosis outwith endemic settings: a Scottish single centre experience. J R Coll Physicians Edinb. 2018;48:9-15. doi: 10.4997/JRCPE.2018.102.
Mukadi P, Tabei K, Edwards T, Brett-Major DM, Smith C, Kitashoji E, et al. Antibiotics for treatment of leptospirosis. Cochrane Database Syst Rev. 2022 Nov;CD014959. doi: 10.1002/14651858.CD014959.
Oliveira S. Leptospirose – Guia de vigilância em saúde. 3ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2019. (Vol. 9).
Musso D, La Scola B. Laboratory diagnosis of leptospirosis: a challenge. J Microbiol Immunol Infect. 2013;46:245-52.
Neto F, Diniz R, et al. Case report: The use of venovenous extracorporeal membrane oxygenation in the treatment of acute respiratory distress syndrome in severe leptospirosis. Braz J Case Rep. 2025;5(1):bjcr40.
Gancheva G. Leptospirosis in elderly patients. Braz J Infect Dis. 2013;17(5):592-5.
Daher E, Lima R, et al. Clinical presentation of leptospirosis: a retrospective study of 201 patients in a metropolitan city of Brazil. Braz J Infect Dis. 2010;14(1):3-10.
Petakh P, Behzadi P, Oksenych V, Kamyshnyi O. Current treatment options for leptospirosis: a mini-review. Front Microbiol. 2024 Apr 25;15:1403765. doi: 10.3389/fmicb.2024.1403765.
UpToDate. Leptospirosis: epidemiology, microbiology, clinical manifestations, and diagnosis. Available from: https://www.uptodate.com/contents/leptospirosis-epidemiology-microbiology-clinical-manifestations-and-diagnosis
Gomes A, Gazola D, et al. Leptospirosis: an update – part 1 of 2: etiology, ecology, epidemiology, prophylaxis and control. Braz J Health Rev. 2022 May-Jun;5(3):11361-72.
Pinto V, Senthilkumar K, et al. Current methods for the diagnosis of leptospirosis: issues and challenges. J Microbiol Methods. 2022 Apr;195:106438.
Woods K, Nic-Fhogartaigh C. A comparison of two molecular methods for diagnosing leptospirosis from three different sample types in patients presenting with fever in Laos. Clin Microbiol Infect. 2018 Sep;24(9):1017.e1-1017.e7.
Esteves L, Bulhões S, et al. Diagnosis of human leptospirosis in a clinical setting: real-time PCR high resolution melting analysis for detection of Leptospira at the onset of disease. Sci Rep. 2018;8:9213.
Waggoner JJ, Pinsky BA. Molecular diagnostics for human leptospiroses. Curr Opin Infect Dis. 2016 Oct;29(5):440-5.
Balassiano I, Pereira M. Diagnostic microbiology and infectious disease. Diagn Microbiol Infect Dis. 2012;74:11-5.
Musso D, La Scola B. Laboratory diagnosis of leptospiroses: a challenge. J Microbiol Immunol Infect. 2013;46:245-52.
Mandell GL, Bennett JE, Dolin R. Mandell, Douglas, and Bennett’s Principles and Practice of Infectious Diseases. 9th ed. Phi-ladelphia: Elsevier; 2019. p. 2898-2904.
Verma V, Goyal M, et al. Recent advances in the diagnosis of leptospiroses. Front Biosci (Landmark Ed). 2020 Mar;25:1655-81.
Hillmann W, Chung M, et al. A 37-year-old man with fever, myalgia, jaundice and respiratory failure. Case records of the Massachusetts General Hospital. N Engl J Med. 2024 Oct.